"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos.
Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar"
( Eduardo Galeano)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Gabrielli dá “sossega Lobão” no caso Refinaria Premium I

Fiel a sua postura de executivo público responsável, o presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli voltou a afirmar, durante o Painel Empresarial 2009, realizado nesta manhã, que o projeto da refinaria Premium I “obedece a uma sistemática própria da estatal”.

Segundo Gabrielli, essa sistemática consiste em quatro etapas: análise de mercado e regulações; projeto básico; construção; e, finalmente, montagem e pré-operação. Esse conjunto de procedimentos, conforme declarou o presidente da Petrobras, leva de sete a nove anos.
Depois de definido o projeto básico, tem equipamentos que levam de setecentos a oitocentos dias para serem fabricados, todos fora do estado do Maranhão.


Planejamento - Como se trata de um mega-empreendimento, Gabrielli alerta para necessidade de ações sofisticadas de planejamento, caso contrário o mesmo causará “desequilíbrio e se tornará desestruturante”, e citou o caso da especulação imobiliária já existente na cidade de Bacabeira e região. Ou seja, o presidente da Petrobras deixou entender que não há, até o momento, nenhum instrumento eficaz de planejamento por parte do estado no que diz respeito à refinaria Premium para que a mesma seja um empreendimento sustentável.


Cronograma - Outro ponto levantado por Sergio Gabrielli, que promete ser um entrave no cronograma eleitoral do governo com relação à refinaria Premium, é a ampliação de mais oito berços no porto de Itaqui para atender a demanda de grandes navios de transporte de petróleo e derivados.


Enquanto Sergio Gabrielli se preocupou em levantar os aspectos técnicos da construção da refinaria Premium I, incluindo a questão de recursos humanos, o ministro Lobão enveredou pelo lado da política, que é o seu forte, fazendo apologias ao cercamento e à supressão vegetal da área, que ainda nem começou e não possui essa importância toda.


Novos Poços – O presidente da Petrobras anunciou ainda a perfuração de seis poços pioneiros e doze de prospecção na bacia de Barreirinhas e no delta do Parnaíba nos próximos quatro anos, porém sem entrar em detalhes quanto à valores de investimentos, limitando-se a afirmar que caso haja petróleo a estatal iniciará a produção do “ouro negro”.


Sossega “Lobão” – Para quem esteve presente ao evento, não restou dúvidas que a Petrobras trabalha com um cronograma, enquanto o ministro Lobão e o governo do estado com outro. O primeiro com bases técnicas responsáveis, já o segundo meramente político-eleitoral. Em suma: as palavras sensatas do presidente Sergio Gabrielli soaram como um verdadeiro “sossega Lobão”.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Mensagem do Dia das Crianças de Artur e Kadu


Feliz Dia das Crianças para todas a crianças, em especial para os sem-terrinhas, sem-tetinhos e sem-brinquedos do mundo todo.

Artur e Kadu




sábado, 10 de outubro de 2009

A automovelcracia III: "O anjo exterminador, quem não morre atropelado sofre de gastrite por causa dos engarrafamentos"


Em 1992 houve um plebiscito em Amsterdã. Os habitantes desta cidade holandesa decidiram reduzir à metade o espaço, já bastante limitado, ocupado pelos automóveis. Três anos mais tarde, foi proibido o trânsito de carros particulares em todo o centro da cidade italiana de Florença, proibição essa que incluirá a cidade inteira à medida que se multipliquem os bondes, as linhas de metrô, os calçadões e os ônibus. Além, é claro, das ciclovias: dentro de pouco tempo será possível atravessar toda a cidade sem riscos, pedalando num meio de transporte que custa pouco, não gasta nada, não invade o espaço humano nem envenena o ar. Enquanto isso, um relatório oficial confirmava que os automóveis ocupam um espaço bem maior do que as pessoas na cidade norte-americana de Los Angeles, mas lá ninguém pensou em cometer o sacrilégio de expulsar os invasores.


A quem pertencem as cidades? - Amsterdã e Florença são exceções à regra universal de usurpação. O mundo foi motorizado velozmente, à medida que as cidades e as distâncias cresceram, e os meios de transporte público abriram caminho para o automóvel particular. O presidente francês Georges Pompidou exaltou esse movimento dizendo que "é a cidade que precisa se adaptar aos automóveis e não o inverso". Mas suas palavras ganharam um sentido trágico quando foi revelado que as mortes por poluição na cidade de Paris aumentaram brutalmente durante as greves do final do ano passado: a paralisação do metrô multiplicou as viagens de automóvel e esgotou os estoques de máscaras antipoluentes.


Na Alemanha, em 1950, trens, ônibus, metrôs e bondes transportavam três quartos da população; hoje, levam menos de um quinto. A média européia caiu para 25%, o que ainda é muito se comparado aos Estados Unidos, onde o transporte público atinge apenas 4% do total. Henry Ford e Harvey Firestone eram amigos íntimos, e ambos se davam extremamente bem com a família Rockefeller. Essa afeição recíproca desembocou numa aliança de influências que esteve diretamente relacionada com o desmantelamento das linhas de trens e a criação de uma vasta rede de estradas, em todo o território norte-americano. Com o passar dos anos, nos Estados Unidos e no mundo inteiro, tornou-se cada vez mais esmagador o poder dos fabricantes de automóveis e de pneus,e dos industriais do petróleo. Das sessenta maiores empresas do mundo, metade pertence a esta santa aliança ou está de alguma forma ligada à ditadura das quatro rodas.


Dados para um prontuário - Os direitos humanos terminam onde começam os direitos das máquinas. Os automóveis emitem impunemente um coquetel de substâncias assassinas. A intoxicação do ar é espetacularmente visível nas cidades latino-americanas, mas é bem menos notada em algumas cidades do Norte do mundo.A diferença é explicada, em grande parte, pelo uso obrigatório dos catalisadores e da gasolina sem chumbo. No entanto, a quantidade tende a anular a qualidade, e esses progressos tecnológicos vão perdendo seu impacto positivo diante da proliferação vertiginosa do parque automotivo, que se reproduz como se fosse formado por coelhos.


Visíveis ou dissimuladas, reduzidas ou não, as emissões venenosas formam uma extensa lista criminosa. Para dar apenas três exemplos, os técnicos do Greenpeace denunciaram que é dos automóveis que provém mais da metade do total do monóxido de carbono, do óxido de nitrogênio e dos hidrocarbonetos, que tão eficientemente contribuem para a destruição do planeta e da saúde humana. "A saúde não é negociável. Chega de meios-termos", declarou o responsável pelo setor de transportes de Florença, no início do ano. Mas em quase todo o mundo, parte-se do princípio de que é inevitável que o divino motor, em plena era urbana, seja o eixo da vida humana.


Copiamos o que há de pior - O ruído dos motores não deixa ouvir as vozes que denunciam o artifício de uma civilização que te rouba a liberdade para depois vendê-la, e que te corta as pernas para te obrigar a comprar automóveis e aparelhos de ginástica. Impõe-se no mundo, como único modelo possível de vida, o pesadelo de cidades onde os carros mandam, devoram as zonas verdes e se apoderam do espaço humano. Respiramos o pouco de ar que eles nos deixam; e quem não morre atropelado sofre de gastrite por causa dos engarrafamentos.


As cidades latino-americanas não querem se parecer com Amsterdã ou Florença, e sim com Los Angeles, e estão conseguindo se transformar numa horrorosa caricatura daquela vertigem. Levamos cinco séculos de treinamento para copiar em vez de criar. Já que estamos condenados à copiandite, poderíarnos escolher nossos modelos com um pouco mais de cuidado. Anestesiados pela televisão, publicidade e cultura de consumo,engolimos a história/estória da chamada modernização, como se essa brincadeira de mau gosto e humor negro fosse o abracadabra da felicidade.

Uma semana de péssimas notícias

Confesso que fui surpreendido com ao menos duas notícias, nesta semana, que realmente me deixaram bastante abalado. As duas têm a ver com a saúde de amigos, na verdade um amigo e uma amiga, ambos com a mesma enfermidade.

Primeiro foi a notícia do que o companheiro Franklin Douglas encontra-se vitimado por um câncer de nome linfoma de Hodgkin, tipo E4. Franklin é um jovem militante político e social, jornalista, professor e um dos principais organizadores do “Movimento Balaiada”, que por meses foi o principal movimento de resistência ao golpe contra o mandato do governador Jackson Lago.

Claro que qualquer está sujeito a esses tipos de infortúnios, mas temos que admitir que é choque quando algo assim acontece com pessoas próximas da gente. Franklin é uma pessoa cheia de energia, militante qualificado e um petista dos bons. Há, aí, uma injustiça do destino para com esse grande companheiro.

Outra pancada foi a notícia de que a amiga Telma (prefiro omitir o sobrenome) também passa por uma séria complicação vítima de câncer generalizado. Outra coincidência com o caso de Franklin é que ela também é jornalista, uma dedicada e competente profissional.

Essas coisas fazem com que a gente reflita ainda sobre a vida e o seu sentido aqui neste plano. Nessas horas é que começamos a dá mais valor a determinadas coisas como posse, bens, dinheiro, poder, vaidades etc. Chega-se à conclusão que a nossa passagem por aqui é tão efêmera, que estamos sujeitos à tantas coisas ruins que nada disso tem valor ou vale a pena a gente correr atrás para conquistá-las.

Em contrapartida, sentimentos de solidariedade e valorização da espiritualidade ganham outra dimensão e passam a fazer sentido para nós. É que a dor é forte e alma sente uma necessidade mais intensa de luz, fé etc. Coisas que só conseguimos através do Ser Superior, do Altíssimo. Infelizmente, nós só nos damos conta disso diante da dor e do sofrimento.

Por isso, peço a todos os meus leitores e leitoras que rezem, orem por essas duas pessoas que, neste momento, necessitam de muita energia positiva. É a forma que encontro para manifestar a minha mais profunda solidariedade aos amigos Franklin e Telma.